Presidente da Anvisa rebate Bolsonaro e diz que decisão sobre vacina para crianças envolve 1,6 mil nomes, ‘estamos todos juntos’

Diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antônio Barra Torres respondeu a uma declaração polêmica de Jair Bolsonaro (PL). Em tom de crítica, o presidente disse que queria saber os nomes de quem tinha aprovado a vacinação contra covid-19 para crianças de 5 a 12 anos. Barra Torres falou sobre isso sem citar diretamente o nome de Bolsonaro.

Barra Torres se manifestou na 25ª reunião Ordinária da Anvisa. Inicialmente ele deixou claro que os nomes pedidos por Bolsonaro “encontram-se disponíveis nos portais da transparência do governo – e assim é há muito tempo”.  

Depois deixou claro que todos servidores e a diretoria da Anvisa concordam com a liberação de vacinação contra covid-19 para crianças.  

“Se formos consultar todas as pessoas que ali contribuíram direta ou indiretamente para aquele posicionamento, essa lista contaria por certo com mais de 1,6 mil nomes, porque todas as nossas atividades estão entrelaçadas. E nesses 1,6 mil, seguramente na letra A meu nome vai estar lá, como um dos primeiros, pela minha inicial. E lá estarão os nomes de toda diretoria da Anvisa. Na decisão de ontem, estamos todos juntos. Somos legalistas, somos cumpridores daquilo que a lei determina, teremos total tranquilidade em fornecer informações que a nós venham ser solicitadas quanto às participações em atos de análise e administrativos”, informou Barra Torres.

O diretor também citou que a Anvisa já sofreu ameaças, por causa de pessoas que são contra o uso de vacinas. Ressaltou que isso atrapalha o trabalho da agência e é desnecessário.  “Não faz muito tempo, fomos ameaçados com morte, uma série de perseguições e de outros atos criminosos. Isso aconteceu no mês de outubro e logo no início de novembro. O que somou a um trabalho – que já é muito difícil, complexo e desgastante – preocupações completamente desnecessárias”.

Por fim, ele pediu menos violência e ataques. “Em um mês que o dia 25 nos remete ao amor fraternidade, que esse bom entendimento contagie o coração de todos aqueles que entendem que o inimigo é um só. Não é nossa imagem e semelhança. É um inimigo silencioso e furtivo, mas que já golpeou nosso coração mais de 600 e tantas mil vezes, nos tirando nossos entes queridos. Não é tempo de violência, não é tempo de sentimentos menores. A luta ainda vai longa”.

Antes a Univisa (Associação de Servidores da Anvisa) já tinha repudiado a declaração de Bolsonaro e afirmado que trata-se de um “método fascista”.

Apesar da aprovação da Anvisa, o governo federal não parece disposto a começar imediatamente a imunização das crianças. O Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que pretende esperar por um “amplo debate”.

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