O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai a um jantar nesta segunda-feira, 11, na casa do ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE), em Brasília, para arregimentar apoio à sua candidatura ao Palácio do Planalto. O encontro deve contar com a presença de parlamentares de diversos partidos, mas faz parte da articulação de caciques do MDB contrários à pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MS) à Presidência.
O senador Renan Calheiros (AL), que vai estar presente, disse ao Estadão/Broadcast que o partido não pode repetir o que ocorreu com Henrique Meirelles. O ex-ministro da Fazenda concorreu a presidente em 2018 pelo MDB e recebeu apenas 1,2% dos votos no primeiro turno. “Será uma conversa com senadores de vários partidos sobre conjuntura e eleições”, disse Renan. De acordo com ele, foram convidados parlamentares do PT, MDB, Rede, PDT e PSD.
A ida de Lula a Brasília e o jantar com parlamentares na casa do ex-senador Eunício Oliveira (MDB), nesta segunda-feira, 11, marca uma retomada da articulação política do petista após uma série de declarações polêmicas que o deixaram na defensiva. Foto: Ricardo Stuckert
Renan e outros políticos do MDB defendem o apoio a Lula já no primeiro turno, em contraposição ao desejo do Diretório Nacional de ter candidatura própria ao Planalto. “Acho que não havendo mudança na fotografia das pesquisas, não podemos repetir o que aconteceu com Meirelles, Marina e Alckmin, que tiveram votações inferiores a 3% e inviabilizaram as bancadas congressuais de seus partidos”, afirmou o ex-presidente do Senado.
Apesar da avaliação de alguns políticos do MDB de que cresceram as chances de Simone Tebet liderar a terceira via, acordos regionais do partido são obstáculo para os planos do Diretório Nacional. A proximidade de emedebistas com Lula no Nordeste, como evidenciado mais uma vez pelo jantar de hoje na casa de Eunício Oliveira, é o principal entrave. Ao menos 13 diretórios regionais, alguns também no Norte, já indicaram que podem apoiar o petista no primeiro turno da eleição de outubro.
Nesta segunda-feira, 11, em sabatina da Brazil Conference, em Boston (EUA), Simone disse que se sente preparada para liderar a candidatura presidencial organizada pelo que chamou de “centro democrático”. Na semana passada, MDB, PSDB, Cidadania e União Brasil fecharam um acordo para lançar, em 18 de maio, uma pré-candidatura única ao Palácio do Planalto. Na Confederação Nacional da Indústria (CNI), na semana passada, o ex-presidente Michel Temer defendeu a correligionária e disse que a intenção do MDB é levar a candidatura dela “até o fim”.
Nas últimas semanas, a terceira via passou por altos e baixos. Sem perspectiva de recursos para sua campanha presidencial no Podemos, o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro decidiu migrar para o União Brasil. O novo partido tem uma fatia maior dos fundos eleitoral e partidário, mas a ala do partido liderada pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto não tem interesse em lançá-lo ao Planalto.
Já no PSDB, o ex-governador de São Paulo João Doria chegou a avisar a aliados que desistiria de disputar a Presidência e se manteria no cargo, mas voltou atrás após uma reação do partido e uma carta de Bruno Araújo, presidente nacional da legenda, garantindo apoio a sua pré-candidatura. No fim, o tucano renunciou ao governo paulista e se manteve na corrida eleitoral. Enquanto isso, o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite, que também abriu mão do cargo de governador, faz uma campanha paralela com o objetivo de substituir Doria como nome do PSDB.
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