Requerimento de Carla Zambelli conta com a adesão de 91 parlamentares; entre eles, integrantes do União Brasil, PSD, Republicanos e PP, com cargos no primeiro escalão
São 91 os deputados federais que assinaram até a tarde desta segunda-feira um requerimento que pede o impeachment do presidente Lula (PT). A reação ocorre após o petista ter comparado, durante coletiva de imprensa na Etiópia, a situação em Gaza com o extermínio de judeus pelo governo nazista de Adolf Hitler na Alemanha.
— O que está acontecendo na Faixa Gaza não existe em nenhum outro momento histórico, aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus — afirmou Lula.
A fala não agradou em nada os parlamentares oposicionistas que se reuniram para firmar o repúdio. Entre os signatários deste pedido, todavia, há 20 integrantes de siglas que compõem atualmente o primeiro escalão do governo: União Brasil (10), PP (5), PSD (2) e Republicanos (3) que, juntos, lideram oito ministérios. Apesar de serem de siglas da base do governo, este grupo de deputados se identifica com a oposição e raramente vota com o Planalto.
São eles: Sargento Fahur (PSD), Delegado Fabio Costa (PP), Kim Kataguiri (União), Alfredo Gaspar (União), Rosangela Moro (União), Nicoletti (União), Messias Donato (Republicanos), Coronel Telhada (PP), Cristiane Lopes (União) e Rodrigo Valadares (União).
Os deputados em questão pertencem a partidos com cargos no primeiro escalão do Planalto. No caso do União Brasil, Celso Sabino (Turismo) e Juscelino Filho (Comunicações) lideram ministérios. Já o PSD tem três pastas comandadas por Carlos Fávaro (Agricultura), Pesca (André de Paula) e Minas e Energia (Alexandre Silveira). O Republicanos e o PP possuem um ministério cada — Portos e Aeroportos, sob o comando de Silvio Costa Filho e Esportes, com André Fufuca, respectivamente.
Entre os 71 deputados que integram a oposição, a maior parte (66) é do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Novo (2), Cidadania (1) e Podemos (1) também tem integrantes entre os signatários.
De autoria de Carla Zambelli (PL-SP), o requerimento alega que a fala do presidente configurou um crime responsabilidade por ter cometido um “ato de hostilidade contra nação estrangeira, expondo a República ao perigo da guerra, ou comprometendo-lhe a neutralidade”.
‘Pistoleira’, diz Gleisi
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, chamou a iniciativa de piada e os parlamentares assinantes de golpistas. Em postagem em seu perfil no X (antigo Twitter), Gleisi chamou a autora do requerimento, Carla Zambelli de “pistoleira”, em alusão ao episódio que ocorreu às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais de 2022.
“Golpistas querendo impeachment de Lula só pode ser piada. É só ver quem tá liderando a turma, a pistoleira Carla Zambelli, propagadora de fake news, ré no STF e investigada por ataques ao Judiciário, que virou pessoa tóxica até entre os bolsonaristas. Melhor se cuidarem porque aqui golpistas não se criam mais, temos leis e instituições atentas”, disse a presidente do PT.