O ministro Luís Roberto Barroso conduziu hoje sua última sessão como presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Barroso, que passará o comando do órgão a Edson Fachin na semana que vem, fez um discurso de despedida em defesa do sistema eleitoral e com ataques ao presidente Jair Bolsonaro (PL), com quem tem relações tensas desde o ano passado.
O ministro declarou que os ataques à credibilidade das urnas no Brasil são uma “repetição mambembe” do que ocorreu nos Estados Unidos, quando o ex-presidente Donald Trump tentou desacreditar o resultado eleitoral.
“Uma das estratégias das vocações autoritárias em diferentes partes do mundo é procurar desacreditar o processo eleitoral, fazendo acusações falsas e propagando o discurso de que ‘se eu não ganhar houve fraude. Trata-se de repetição mambembe do que fez Donald Trump nos Estados Unidos, procurando deslegitimar a vitória inequívoca do seu oponente e induzindo multidões a acreditar na mentira”, disse o ministro, sem citar Bolsonaro diretamente.
A gestão do ministro à frente do TSE foi marcada pela resposta a ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores. Desde o início do governo, o presidente fez afirmações esporádicas de que teria havido fraude em eleições anteriores, sem nunca apresentar provas.
A partir de julho do ano passado, porém, os ataques se tornaram constantes. Semanas antes dos atos antidemocráticos que tomaram as principais capitais no dia 7 de setembro, Bolsonaro chegou a fazer uma live apontando falsos indícios de vulnerabilidade nas urnas e, dias depois, vazou em suas redes sociais um inquérito com informações sigilosas sobre um ataque hacker ao TSE.