Nísia Trindade, socióloga e presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), aceitou o convite do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, a partir de janeiro de 2023, será a primeira mulher a comandar o Ministério da Saúde. E o cenário que irá encontrar na pasta demandará bastante trabalho. Entre idas e vindas de quatro ministros no governo Bolsonaro, o ministério passou por uma pandemia de Covid que deixou quase 700 mil mortos, enfrenta a volta de doenças antes erradicadas, como o sarampo, e amarga baixas coberturas vacinais.
Diante disso, Nísia, que integrou o grupo de transição da Saúde, já elencou prioridades. “O principal hoje é recuperar a confiança da nossa sociedade numa boa gestão”.
Outra preocupação da futura ministra será a recuperação da capacidade de coordenação do Ministério da Saúde junto a todos os estados e municípios. “Com isso, poderemos avançar na vacinação, na questão das filas, que o presidente tanto mencionou no seu discurso hoje, para procedimentos e cirurgias eletivas. Todas essas questões requerem uma coordenação do Ministério da Saúde”, disse, em entrevista ao O Globo.
“O ponto que foi mais enfatizado é a necessidade de nós termos as informações necessárias pra planejar as ações de saúde. Há falhas no sistema de informação, falhas no acesso a essas informações. Mas eu diria que o principal hoje é recuperar a confiança da nossa sociedade numa boa gestão”, complementou.
A nova chefe da Saúde foi anunciada nesta quinta-feira (22/12) junto com uma leva de outros 15 ministros que irão compor a Esplanada. Agora, faltam 13 integrantes do primeiro escalão do governo que deverão ser anunciados pelo presidente eleito. Ao todo, o novo governo terá 37 pastas.
Nísia será a primeira mulher na história do país a assumir o Ministério da Saúde. Ela integrou a equipe de transição do governo e preside a Fiocruz desde 2017. Contou a favor de Nísia a atuação desempenhada durante o combate à pandemia de Covid-19, em que esteve à frente da Fiocruz.
Expectativa de estabilidade
A expectativa do futuro governo é de estabilidade na nova gestão da Saúde, após quatro anos de intensos embates científicos com o atual presidente. Ao todo, Bolsonaro colecionou quatro ministros.
Luiz Henrique Mandetta e seu sucessor Nelson Teich deixaram o ministério por discordarem das pretensões de Jair Bolsonaro no combate à pandemia, que incluíam o uso de remédios de ineficácia cientificamente comprovada para o tratamento dos pacientes.
Depois, Eduardo Pazuello assumiu o Ministério e caiu por articulação do Centrão, enquanto a curva de mortes por Covid-19 ficava maior. Por fim, Marcelo Queiroga, que se mantém no cargo neste final da atual gestão.
Informações do Metrópoles