Wassef evitou chamar atenção em voo para recomprar joias de Bolsonaro: ‘Escondidinho’

Dados extraídos pela PF de um dos celulares do notório Frederick Wassef mostram que o advogado de Jair Bolsonaro, indiciado com o ex-presidente no caso sobre joias do acervo presidencial, exigiu a uma agência de viagens um assento discreto num voo para os EUA, onde recomprou parte dos bens em questão (mais precisamente um relógio Rolex de ouro branco, que havia sido vendido no exterior). 

A “missão secreta” de Wassef nos EUA custou R$ 27 mil em passagens aéreas para o exterior, incluindo as de Thaís Moura, também advogada, que o acompanhou. E, para os dois, encomendou tickets aéreos por meio de uma agência de viagens. O percurso incluiu um voo da Latam de Brasília para São Paulo e, depois, outro da Azul para Orlando. 

Na data em questão, três dias antes da viagem, Wassef solicitou à agência, num áudio: 

“Tem uma disposição de assento… em que… a janela, a cabeça fica bem encostada na fuselagem, na janela. Então, tem que ser janela, não pode ser aquelas coisas que a cabeça fica no corredor, dá uma olhada direitinho. Bota ali na frente, tá? Um beijo! Executiva, ida e volta, deixando claro, tá? (…)”. 

No dia seguinte, insatisfeito com o assento fornecido pela agência, ele pediu para voar “escondidinho”: 

“Amiga, é o contrário. Eu quero ficar colado. Cabeça, minha cabeça colada na fuselagem, deu pra entender? Ou seja, o banco, ele tem que tá… ele tem que tá deitado assim: com a cabeça apoiada no banco e na fuselagem, na parede do avião, olhando pra janelinha. É bem o contrário. Por favor! Porque senão, aqueles banco é uma porcaria, tua cabeça fica no corredor, todo mundo passa, esbarra, olha pra tua cara e eu não posso, cara. Eu sou público, eu tenho que tá escondidinho ali”. 

O propósito da viagem, descoberto mais tarde pela PF, mostrava o motivo de Wassef querer viajar longe dos olhares dos outros passageiros. No momento do percurso, o caso das joias tinha ampla cobertura do noticiário e ele vinha respondendo publicamente como representante de Bolsonaro. 

Além dos R$ 27 mil em passagens, a expedição de Wassef incluiu deslocamentos nacionais e internacionais, entre estados dos EUA, e diárias de hospedagens. O Rolex foi recomprado por US$ 49 mil.

Compartilhar no WhatsApp
“Publicidade